janeiro 01, 2018

tarefas para 2018


"A direção fracassou. Mas é possível e necessário que se crie uma nova direção, por e a partir das massas. As massas constituem o elemento decisivo, a rocha sobre a qual se forjará a vitória da revolução." 
(Rosa de Luxembrugo, "A revolução Russa").

... para além das lógicas discursivas e das linguagens da crise, existe um conjunto de motivações e paixões, compromissos e fidelidades que foram empenhadas na construção de uma alternativa de esquerda política, não simplesmente porque fosse de esquerda, mas porque articulava: terra, pão e liberdade!

Assim neste curto período de luta organizada começamos processos e nos esgueiramos pela política da via parlamentar como forma de luta que não excluía/não devia excluir a construção da participação popular pela via de organizações autônomas e articuladas numa ética política classista. 

Mas foi então que os mitos dos atalhos estratégicos foram devorando as motivações, paixões, compromissos e fidelidades. Foi então que chegamos a acreditar que tudo era pra sempre: eleição de 4 em 4 anos; mandatos de parlamentares como voz de movimentos organizados; alianças improváveis como mau menor e preço justo. 

Mas o que nós dizíamos/queríamos era: Pão - Terra - Liberdade.
E chegou a hora de prestar contas: a estratégia de alianças nos levou ao abismo e o espaço, processo e metodologia da luta popular precisam se refazer. Mais do que perguntar pelo PT, chegou a hora de se fazer de novo a pergunta e o debate sobre o lugar da representação política, questões de concepção e organização partidária classista, a relação com o Estado numa perspectiva anticapitalista, os espaços e formas de construção de hegemonia alternativa e as formas de consciência e participação de poder que articulem classe+gênero+etnia como reinvenção necessária de um projeto revolucionário. 

Terra - Pão - Liberdade. 
São perguntas antigas e as novas. As que aprendemos a fazer nesses mais de 30 anos.
Sabíamos das contradições e dos limites: chegou a hora do acerto de contas! Nossas organizações políticas sempre foram também espaços de reedição de vanguardismos não éticos, misóginos, sustentadas pelos privilégios de homens etnocentrados, de burocracias com medo de tudo que é popular, letrados desconhecedores da cigana que lê a mão de Paulo Freire, senhores de verticais estruturas aprendidas na igreja, na família, no sindicato, na academia. Mulheres, negros, indígenas... existimos como anexos dos processos de formação. 
O partido se fez macho e habitou entre nós: vanguarda burocratizada, papai-noel, liderança, dirigente... numa mistura reveladora do caráter patriarcal das organizações de esquerda e seus poderes absolutos.
"Toda a sua preocupação destina-se a controlar a atividade do partido, e não fecundá-la; restringir o movimento e não desenvolvê-lo; a destroçá-lo e não unificá-lo." (Rosa Luxemburgo e Vladimir Lênin, "Partido de Massas ou Partido de Vanguarda").





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