- liturgia para um encontro de mulheres (2014)
Aqui
estamos. Chegamos até aqui trazendo nós mesmas
Nossas
histórias e nossas realidades
O
dia a dia e o extraordinário de nós todas
O
mais cotidiano e suas relações sociais de gênero
Na
leitura da Bíblia, na leitura da vida, no trabalho de base,
Aonde
vamos, do que falamos, do que vestimos: somos nós
(cantar)
De braços erguidos a Deus
ofertamos,
Aquilo que somos e tudo que amamos.
O que nós vestimos, compartilharemos
Aquilo que somos e tudo que amamos.
O que nós vestimos, compartilharemos
Por fora e por dentro não nos
envergonhamos
As
coisas, as pessoas, os lugares impregnadas de uso se desgastam, envelhecem e
ficam sujas. As roupas, os copos e as janelas. As crianças, os idosos e os
doentes. O quarto, o escritório, a estação, a praça, a rua, a igreja. De estar
vivo e de estar em uso, as coisas repetidamente estão necessitadas de cuidado,
limpeza, consertos. De novo e de novo, viver produz lixo, produz cansaço,
produz poeira, produz manchas, restos, cheiros. Qualquer que seja a forma
social de produção ela tem de ser contínua, deve repetir rotineiramente as
mesmas atividades criando as condições para continuar existindo.
As
casas que sempre se sujam. As camas sempre reviradas, o banheiro com cheiro
ruim, a louça acumulada na pia... as roupas que nunca ficam em paz! Sempre em
trânsito entre as gavetas, os corpos e o tanque ou a máquina, o varal, o ferro
a gaveta, o corpo e tudo de novo. E calcinhas necessárias e escondidíssimas.
Trazemos na mala. Usamos, gastamos, lavamos, secamos... e elas retornam para o
uso fruto do trabalho e do cuidado.
Parte
da estratégia patriarcal de dominação e violência passa pela invisibilização da
vida doméstica, do corpo, das coisas humanas demais... e nossas “calcinhas” desaparecem, o modo como
organizamos e vivenciamos o vão de nossas pernas deixam de ter dignidade.
Estamos
aqui e afirmamos tudo que somos e tudo que amamos, nossa humanidade de
calcinhas e o trabalho de todo dias de fazer de novo a vida se restaurar.
(escutar a música da Mercedes Sosa e mostrar
umas para as outras uma “calcinha”; depois pendurar as calcinhas num varal ao
som da música)
Música
disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=0SL6BEgaFIU
Soy
Pan, Soy Paz, Soy Más
Yo
so-o-oy, yo so-o-oy, yo so-o-oy
Soy
agua, playa, cielo, casa, planta
Soy
mar, Atlántico, viento y América
Soy
un montón de cosas santas
Mezcladas
con cosas humanas
Como
te explico cosas mundanas
Fui
niño, cuna, teta, techo, manta
Más
miedo, cuco, grito, llanto, raza
Después
mezclaron las palabras
O se
escapaban las miradas
Algo
pasó no entendí nada
Vamos,
decime, contame
Todo
lo que a vos te está pasando ahora
Porque
sino cuando está el alma sóla llora
Hay
que sacarlo todo afuera, como la primavera
Nadie
quiere que adentro algo se muera
Hablar
mirándose a los ojos
Sacar
lo que se puede afuera
Para
que adentro nazcan cosas nuevas
Soy,
pan, soy paz, sos más, soy el que está por acá
No
quiero más de lo que me puedas dar, uuuuuuh
Hoy
se te da, hoy se te quita
Igual
que con la margarita igual al mar
Igual
la vida, la vida, la vida, la vida
Vamos,
decime, contame
Todo
lo que a vos te está pasando ahora
Porque
sino cuando está el alma sóla llora
Hay
que sacarlo todo afuera, como la primavera
Nadie
quiere que adentro algo se muera
Hablar
mirándose a los ojos
Sacar
lo que se puede afuera
Para
que adentro nazcan cosas nuevas
Cosas
nuevas, nuevas, nuevas, nuevas
Oração
da calcinha: Deus das nossas vidas,
Deus do cotidiano trabalho de existir, recebe nossas calcinhas como sinal do
que somos, nossas andanças, nosso corpo e suas escolhas, nosso cotidiano e de
tantas mulheres. Caminha conosco, lava conosco nossas calcinhas e não deixe que
nenhuma de nós viva com vergonha, com medo ou com o poderio do olhar, da
decisão e o preconceito do mundo patriarcal. Amém
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